Colonização

COLONIZAÇÃO ALEMÃ (Francisco Krenzinger)



            “Nos anos anteriores a 1925, estive radicado como colono no município de Pelotas, onde o trabalho extraordinariamente árduo e rudimentar me satisfazia tanto menos quanto estava acostumado a condições tão outras como agrônomo europeu.       Sucedeu comigo exatamente o mesmo que acontecera a milhares de outros, e segui o fluxo dos emigrantes agrários que, desde há mais de cem anos, se dirigia à mata virgem, onde era e ainda é possível chegar lentamente e conquistar sua propriedade com os menores e mais primitivos meios materiais. O machado e a foice de roçar, a enxada e o picão, são estes os singelos utensílios do desbravador das matas; coragem e laboriosidade, persistência e sobriedade suas qualidades essenciais. Só a severa renúncia às inúmeras comodidades da vida, a frugalidade e uma saúde férrea poderá habitá-lo a vencer os duros anos iniciais na mata virgem. E isto é compreensível quando se considera que o único amparo do intrépido colonizador são as suas mãos calejadas e as simples ferramentas que empunham. Quantos e quantos aportaram com fantásticos planos de derrubar e destocar grandes complexos de mato com possantes máquinas para cultivá-los posteriormente? – Esforços vãos! A rotina de trabalho nas selvas até hoje continua e certamente permanecerá a mesma enquanto se conhecer colônias de mato.
            Em face das penosas e antieconômicas práticas de trabalho para arrancar o pão quotidiano das canhadas, por entre pedras onde nem sequer um arado podia ser aplicado, refleti e interroguei-me, naquela época, se de fato só mesmo nas zonas de mato do sul do Brasil se poderia exercer proveitosamente a agricultura. Lembrava-me, então, da agricultura extensiva e altamente desenvolvida em terras de campo nos países vizinhos, Uruguai e Argentina. Não se tinha desenvolvido uma sã agricultura naqueles campos? Uma agricultura capaz de apresentar-se como concorrente no mercado mundial, sem que exigisse proteção alfandegária e sem ser condicionada às maléficas derrubadas de mato? Seriam as condições dos solos de campo naqueles países tanto mais favoráveis que no Rio Grande do Sul? Não restava dúvida ser os campos ao redor de Pelotas e também os de outras partes do Estado inferiores e nada animadores.
            Em meio destas ponderações vieram-me as mãos o conhecido livro do Dr. Assis Brasil: “A cultura dos campos”, o qual condena a colonização de matas, apregoando, ao mesmo tempo as possibilidades de atividades agrícolas em boas terras de campo de modo tão convincente que se me tornou fácil tomar uma resolução.
            Lançando-me a procura de campos realmente férteis que, pela conformação topográfica, permitissem o emprego de modernas máquinas agrícolas e que estivessem situados em zona de fáceis comunicações, cheguei a Bagé em abril de 1925. Acompanhavam-me os amigos Luiz Maciel e Otto Mielke. Onde quer que fosse, manifestava-se-nos geral simpatia pelo nosso projeto da fundação de um núcleo colonial. Tanto a população, como os poderes oficiais nos demonstravam seu vivo interesse no caso. Por intermédio de nosso amigo Eugênio Oberts, infelizmente já falecido, imediatamente estabelecemos contato com o operoso e previdente Dr. Carlos Mangabeira, então intendente de Bagé, o qual logo nos conseguiu, desinteressadamente, ofertas de vendas de diversas glebas de terra. Entre os terrenos e fazendas oferecidos decidi-me, desde logo, pelo campo do Sr. Miguel Bifano, com 549 hectares de área. Motivou a escolha a boa qualidade de suas terras negras e sua privilegiada posição geográfica. A propriedade era denominada “Santa Theodora”; fazia limite com o “Ponta do Banhado Grande”, a cerca de aproximadamente 8 km, ao sul da estação ferroviária do Rio Negro. Diga-se, de passagem, que esta mesma propriedade anteriormente já tinha sido oferecida pelo Sr. Bifano à Intendência Municipal para fins de colonização.
            Todas estas démarches tinham sido bem sucedidas e absolutamente não me faltava ânimo para lançar o início da colônia planejada. Havia, porém, um grave senão: faltava-me o mais importante, o dinheiro, bem como mais outro fator essencial ao sucesso: colonos imbuídos do mesmo ideal que estivessem dispostos a se estabelecer no local escolhido. Meus companheiros de viagem representavam apenas certo apoio moral e eu pessoalmente nada tinha.
            De volta de viagem, desenvolvi propaganda tão intensa nas antigas colônias de Pelotas, como se tivesse descoberto o paraíso. De fato, depois de poucos dias consegui dirigir uma “expedição” ao Rio Negro, composto de 12 agricultores, parte dos quais simplesmente atraídos pela curiosidade, outra parte, porém, constituída de elementos realmente ansiosos na procura de boas terras. Mas a excursão iniciada tão auspiciosamente redundou num fracasso. Como se o Todo Poderoso fosse contrário às nossas intenções, mandou abrir todos os diques celestes para uma chuva torrencial tão prolongada como nunca mais verifiquei outra igual. Durante oito dias arrastamos nossa permanência num cubículo que se arrogava a denominação de “Hotel”, em Rio Negro, sem ao menos poder tentar um avanço de “patrulha”. Alfredo, nosso hoteleiro, nunca em sua vida tinha abrigado tantos hóspedes e por isso entregava-se a correrias nervosas, trazia cobertores, banha e cebolas e nos fazia a corte, cheio de reverência, tencionando angariar nossa simpatia. No momento, não havia o que nos pudesse confortar, matávamos o tempo com jogos de cartas e contando velhas anedotas, mas mesmo assim tornamo-nos presas duma irritação crescente, pouco faltando que mutuamente nos tocássemos para fora, a chuva interminável. Finalmente, depois de longa e dura provação, reapareceu o sol, convidando-nos a iniciar a marcha para a “terra da promissão”. Havendo imensa dificuldade de progredir na estrada barrenta, caminhávamos pelo campo encharcado, saltando sobre sangas de águas crescidas; num destes saltos por obstáculos o velho Schneider superestimou a força de suas pernas e se precipitou na água até a altura do umbigo.
            Chegados à propriedade do Sr. Bifano todos puderam certificar-se da evidente fertilidade do solo, mas a maioria dos presentes insistia na volta imediata e isto, sem dúvida, era mau sinal. Aquele que, da paisagem variável e atraente duma colônia do velho estilo, pela primeira vez chegar à solidão da campanha, nada mais avistando que a chirca cinzenta, sem querer se sentirá apossado dum sentimento de imenso abandono. Dos doze esperançosos “conquistadores” por fim apenas três continuaram decididos a se empenhar com todas as suas forças na realização da colônia de campo. Quando, depois de nova viagem de orientação, ainda só sobraram os mesmo três fiéis resolutos, convencionamos ultimar um contrato com o Sr. Bifano, contrato esse, que nos permitisse ganhar tempo a fim de arregimentar mais outros compradores dentro das colônias velhas.
            Pelo contrato assinado em 28 de maio de 1925, redigido pelo notório bageense Virgilio Antonio Flores, o curso de nossas idéias forçosamente entrava em forma mais concretas.
            Não posso deixar de mencionar o companheiro mais resoluto e confiante da jornada: nosso velho amigo Gaspar Brandl. Ele, após ouviras descrições da situação que nos esperaria em Rio Negro, não teve dúvidas em arrumar suas malas e, acompanhado de sua esposa, embrenhar-se na região para ele ainda desconhecida. A ele cabe, portanto, a honra de ser o primeiro pioneiro.
            Passado um mês, em julho, segui-o, acompanhado de Emilio Otto e meu cunhado Ernesto Beskow, a fim de iniciar o desbravamento da área a mim destinada. Trazíamos toda a nossa mudança, carroças, arados e outras ferramentas agrícolas dentro de um vagão. Relembro sempre, com certa satisfação, da cena que se desenrolou na estação de Rio Negro; quando ao descarregar nossos utensílios, acompanhados pelas vistas curiosas dos locais, um deles assim se manifestou: “estes alemães trazem muitos tarecos, mas ainda hão de abrir os olhos! Não lhes dou mais de um ano para se sumirem daqui, mas então desacompanhados de sua mudança, de tangas!”
            Em fins de outubro, tínhamo-nos organizado de tal modo que o campo arrendado pode ser definitivamente dividido e escriturado. De nenhuma parte se fez uso do direito de hipoteca, e no dia 29 de outubro de 1925 adquiriram propriedade, mediante pagamento à vista, os seguintes agricultores:
- Francisco Krenzinger           96 hectares;
- Germano Bonow Primo       75 hectares;
- Francisco Beskow                65 hectares;
- Ernesto Beskow                   65 hectares;
- Carlos Schneider                  65 hectares;
- Frederico Leitzke                 40 hectares;
- Germano Schneider             25 hectares;
- Carlos Schneider Filho        25 hectares;
- Alberto Schneider                25 hectares;
- Emilio Otte                          10 hectares;
- Otto Mielke                         08 hectares;
Total:                                      499 hectares.
            O Sr. Miguel Bifano teve conivência e compreensão suficiente para esperar pela venda da área restante. No entanto, desta última já em 11 de dezembro foram escriturados mais os seguintes lotes:
- Theodoro Perleberg             25 hectares;
- Carlos Noerenberg               25 hectares.
            Até ai os nomes e algarismos que, porém, só tem importância relativa quando se quer saber da participação e do mérito de cada um na fundação da nossa colônia, hoje florescente. Seria mesmo uma falsificação histórica se quisesse inscrever com letras douradas na crônica os nomes dos primeiros compradores. Havia entre estes, também os que adquiriram terras por mera especulação ou, na melhor das hipóteses para auxiliar na obra; outros com menos espírito empreendedor, ficavam a esperar os resultados obtidos pela primeira patrulha avançada, tencionando- se transferir para cá, no caso de se vislumbrar o sucesso e ser o risco já menor... Consequentemente, com a simples compra das terras ainda não se tinha criado uma colônia. Apenas tinha nascido um organismo cuja vitalidade ainda estava em dúvida. A garantia pelo posterior desenvolvimento e os alicerces de uma sólida existência estava baseada, por um lado na fertilidade da terra, e de outro, em última análise, na capacidade, na energia e na persistência de todos aqueles que conseguiram sobrepujar as contrariedades imprevistas em épocas adversas; estes vitoriosos se tornaram os verdadeiros pioneiros.
            Antes de continuar no meu relato sobre o labor destes bravos, permita-me, lembrar que já antes de nossa chegada em 1925, aqui já se praticava agricultura. A qualidade deste solo humo-argiloso muito antes de nós já tinha atraído outros agricultores, como por exemplo, os “Canários”, oriundos das Ilhas Canárias, cujos descendentes ainda hoje aqui vivem do cultivo da terra, embora com menor sucesso. Identicamente também alguns franceses, vindos do município de Pelotas, já tinham iniciado um movimento colonizador destes campos, mas poucas testemunhas desta obra pioneira aqui restaram. Provam-no os nomes Martins e Pradiel, a cujos portadores foram legado aquele admirável espírito campônio com que participaram na formação da nova colônia. Não por último, também várias famílias brasileiras locais, tais como os Soares, Garcia e Dutra, já se dedicavam, na época, a cultura do trigo e do milho, na qual aplicavam curioso método de trabalho: rasgavam mais que lavravam o campo com sólidos arados puxados a boi e a semeadura era procedida de cima do lombo do cavalo. O saco contendo a semente, seguro por uma mão na frente do lombilho, a outra espalhava a semente, para que o cavalo não se espantasse com os largos movimentos do braço e, ao mesmo tempo, para impedir que os grãos lhe penetrassem nas vistas e ouvidos, simplesmente cobria-se estes órgãos com um trapo velho. A máquina de plantar milho e o arado capinador eram instrumentos até então desconhecidos e depois desacreditados.
            Contudo, tivemos ensejo de aprender muitas coisas destes lavradores indígenas: enquanto eles comodamente lavravam o campo bruto com arados reforçados, nós nos detínhamos no ingrato e desnecessário trabalho de arrancar a chirca antes de introduzir o primeiro ferro. No decorrer dos anos seguintes, sobretudo nos últimos em que o cultivo do trigo se tornou rendoso, a participação puramente brasileira na evolução agrícola desta região era e continua sendo de tamanha importância que facilmente estaríamos inclinados a exagerar as delimitações da área ocupada pelo núcleo colonial.
            Indubitavelmente não se trata, aqui de dar ênfase à nacionalidade ou à descendência dos agricultores, mas sim, da capacidade ética para uma profissão que habilita um homem a ser colono e o agrupamento destes colonos (desbravadores) em uma verdadeira colônia. Neste sentido, e com justa razão, sempre poderemos falar de “uma colônia”.
            Apesar de terem sido escrituradas 13 frações de campo a agricultores pelotenses, logo no primeiro ano, o pequeno grupo de colonizadores que efetivamente se radicara, era composto dos seguintes: Gaspar Brandl, que trabalhava na sua profissão de ferreiro, junto ao habitante do lugar, Sr. Adeodato Dutra; Emílio Otte, carpinteiro e plantador ao mesmo tempo; a minha própria insignificância, auxiliada pelo meu laborioso cunhado, Ernesto Beskow; finalmente, ainda devo mencionar Alberto Schneider, cuja atividade aqui foi pouca, encerrada com sua volta à Pelotas. A estes se juntaram mais os seguintes em 1926 e 1927: Reinhold Hollatz, que provou ser camponês trabalhador e tenaz; Otto Hoesel e depois Wendelin Langer, com sua família numerosa; Frederico Ebert, ainda solteiro naquela época. Todos eram alemães.
            Com a posterior chegada das tradicionais famílias de colonos Beskow, Leitzke e Schneider, tínhamos formado um ótimo núcleo de agricultores sem ilusões e sem pretensões. A estes últimos, acrescentaram-se, cronologicamente, Langmantel, as famílias Faulstich, Hauck, Macke, Kloppenburg, Grunwald, Oertel, Moerbaecher, Groeger, Pichler e outros. Cada um dos aqui arribados representava então, verdadeiro batalhador por sua gleba e hoje podem ser considerados merecidos vencedores. A princípio antepunha-se não só a maneira de trabalhar desconhecida de novo ambiente, obrigando-os a pagar pesado tributo de aprendizagem, como também havia falta de meios em toda a parte, pois geralmente tinham comprado maior área de campo do que seus parcos recursos restantes teriam permitido amanhar. Ao contrario da colônia de mato, a de campo exige maiores despesas, as quais em geral eram subestimadas, tais como as instalações de casa de moradia, poço d’água, cercados para potreiros e outras mais. Também os gêneros alimentícios que nas colônias antigas são produzidos em abundância, tiveram de ser inicialmente comprados, muitas vezes a preços escorchantes. Não sendo de sua índole o “viver a créditos”, esta gente honrada passava inúmeros dias de dieta forçada, cheia de grandes preocupações, acontecendo, como realmente aconteceu serem, às vezes, forçados a vender objetos de valor pessoal, a fim de proporcionar-lhes a simples sobrevivência. Logicamente, não poderia brotar lá grande ânimo otimista no seio da nóvel colônia.
            Lembre-se, o principiante de hoje, que naquele tempo ainda não se conhecia o crédito agrícola, atualmente concedido pelo Banco do Brasil, nem existiam variedades de trigo adaptadas e tão pouco dispúnhamos da experiência técnica agrícola, que tão cara nos saiu, justamente para nós colonos do campo.
            A impressão de desânimo geral por fim, determinou a desistência dos que vinham afluindo de todas as regiões à procura de “terra da promissão”. Tínhamos escrito numerosos artigos em diversos jornais e anuários, exaltando sempre as possibilidades da atividade agrícola em nossa colônia de campo. Só poucos dos atraídos juntaram-se a nossa empreitada, porém esses eram então, quase sempre homens possuidores de um nível espiritual superior ao reinante nas colônias velhas. Tinham-se livrado do tradicional engano de que só seria possível a colonização de terras de mato e que não haveria probabilidade de existência para o colono onde não houvesse água corrente e espessas matas virgens; um falso dogma que aparentemente pressupõe que o homem vive do mato e não dos frutos da lavoura por ele organizada! “As pedras fazem parte do solo, como os ossos do boi”, é o que afirmavam os que estavam arraigados à suas colônias rochosas.
            Já em 1928, tinha escrito as seguintes palavras no meu livreto, intitulado “Vom Urwald zum Kamp” (Da mata virgem rumo ao campo):” Mais ainda que os colonos das antigas zonas de colonização, o colono dos campos deverá ter maiores habilidades e conhecimentos que os comumente encontrados. Lá se depara com o quadro desolador das lavouras agonizantes, aqui com campos realmente ainda férteis, mas não com densas matas que pudessem ser maltratadas a enxada e fogo durante decênios. Serão os colonos mais progressistas, certamente, que irão fundar seu povo na campanha.”
            Neste sentido as necessidades, privações e misérias iniciais afortunadamente revelaram ser um fator, de sorte, porquanto os continuadores e a geração nova iam se compondo de elementos selecionados, ativos e resolutos que também nas épocas más, não desistiram de seus intentos e assim garantiram à estabilidade da colônia.
            Os méritos dos colonos aqui chegados em anos posteriores com isto absolutamente em nada são diminuídos, pois evidentemente também eles representam uma seleção de valores. Basta citar os nomes dos Frantz, Mielke, Weis, Arns, Wechenfelder, Hamm, Schirmer, nomes estes, aureolados de virtudes e laboriosidade.
            A colônia ganhou maior desenvolvimento em 1929, com a criação da Estação Experimental Fitotécnica da Fronteira, que fornecia aos triticultores, sementes de novas espécies de trigo aclimatadas, desenvolvidas pelo geneticista Iwar Beckmann. Deve-se citar também, o Dr. Moritz e Dr. Beckman, bem como outros amigos da Estação Experimental.
            Os hábitos dos primeiros colonos eram caracterizados pelo seu pendor para a vida social, a qual se desenvolvia de modo intenso, embora houvesse tantos contratempos exteriores; sua expressão mais marcante se refletia em inesquecíveis festas acompanhadas de música, cantos e representações teatrais. Era natural que estas festividades tivessem caráter germânico em virtude da nacionalidade ou descendência alemã de seus participantes. Estávamos convictos do ponto de vista que prega ser imoral renegar a herança cultural dos antepassados e a repentina mudança da nacionalidade, tal como se muda de roupa. Consideramos psiquicamente difícil esta transformação em brasileiros de gema, enquanto a voz do coração não no-la ditar, através de longos anos de colaboração e compartilha de sentimentos com o povo brasileiro.
            Nossos filhos, porém, já são cidadãos completamente integrados na comunidade deste magnífico país, ao qual nós os imigrados, agora expressamos nossa profunda gratidão pela maneira tolerante com que nos possibilitou a fundação de uma nova Pátria.
            Não é possível detalhar estas resumidas explanações, citar todos os sucessos, acontecimentos e colaborações que contribuíram para a modelação do quadro atual da colônia, sobretudo os dos anos mais recentes. O espaço é demasiadamente limitado para poder-se relembrar o auxilio altruísta a nós prestado durante decênios por um Álvaro Lopes Brasil ou seu irmão Dr. Jaime Brasil, que aqui teve atuação destacada como agrônomo progressista. Não se deveria omitir a família suíça Graf e de como prestou ajuda a tantos principiantes pobres, mas ativos, adiantando-lhes os meios para a formação de seus estabelecimentos que hoje florescem.
            A família Graf era, por assim dizer, a antecessora da Carteira Agrícola do Banco do Brasil que atualmente financia plantadores grandes e pequenos agricultores por vocação e esporádicos.
            Deve-se esclarecer que o primeiro nome dado a colônia foi “Friedenau” que pode ser traduzido como Vale de Praz, de prazer, de satisfação. Alguns achavam a pronúncia difícil, passando a ser chamada e Colônia Rio Negro.
            José Hamm, inspirado nas boas colheitas de trigo que haviam ocorrido na época, sugeriu o nome Trigolândia, o qual foi para referendo na Câmara de Vereadores de Bagé e foi aceito por unanimidade. Então, a partir de 1957, assim passou a se chamar, até os dias atuais”.

           Em 1964, inicia-se um novo processo de colonização em conseqüência do crescimento das famílias e do estrangulamento da terra, que culminou dando origem a um novo núcleo formado principalmente por produtores da Colônia Trigolândia. Dando origem à Colônia Salvador Jardim.
            Em 1978, em decorrência de um conflito pela posse da terra entre posseiros e índios, na Reserva de Nonoai, no norte do Estado, 125 famílias são incorporadas pelo projeto da Cooperativa Agrícola Mista Aceguá Ltda. (pertencente aos alemães russos, assentados na Colônia Nova) de aumentar a sua produção de leite. Sendo assentadas numa área adquirida pelo Governo do Estado, passa a chamar-se Colônia Nova Esperança. Dos assentados, 106 famílias eram oriundas de Nonoai e 19 da própria região.
            Em 1989, começam a chegar às famílias oriundas do norte do Estado, organizadas em torno do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST.